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Muriaé debate mineração na Assembleia Legislativa
24/10/2019 15:57 em Notícias de Política

LUCIANA ARCHETE

Jornalista MG19681JP

Com informações da Assessoria de Imprensa ALMG

 

Uma das caravanas em grande número foi a de Muriaé ontem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Segundo informações da ALMG, cerca de cem pessoas, entre membros de entidades e cidadãos de municípios do entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata, que disseram não à atividade de Mineração na região.

Os muriaeenses, principalmente do distrito de Belisário, participaram de audiência da Comissão de Direitos Humanos daquela Casa.

A reunião com os moradores da região foi solicitada pela deputada Beatriz Cerqueira (PT) e foi debatida a cerca os impactos socioeconômicos e ambientais da mineração que acontecem nas localidades onde estão instaladas unidades mineradoras, incluindo a violação de direitos da população atingida por esses empreendimentos.

O vereador Jair Abreu (PT) foi um dos integrantes de uma das Mesas de Discussões que aconteceu naquela Casa ele se posicionou contrário á exploração desenfreada na Serra do Brigadeiro.

O professor do Instituto Federal de Educação do Sudeste de Minas, Lucas Magno, destacou que a Serra do Brigadeiro tem uma das maiores jazidas brasileiras de bauxita. A substância, que se transforma em alumínio após o refino, é cobiçada principalmente pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).

Se todas as áreas pleiteadas pela CBA forem concedidas, a região ficará como um “queijo suíço, cheio de buracos”. E invadiria APAs (Áreas de Proteção Ambiental) de três municípios da Mata: em Pico do Itajuru (Muriaé), Serra das Aranhas (Rosário de Limeira) e Rio Preto (São Sebastião da Vargem Alegre).

Isaías Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miradouro, reforçou que a cidade é mantida com a agricultura familiar. Gilsilene Mendes, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT), disse que a região constitui atualmente um polo agroecológico da Zona da Mata, com 70% da produção local extraída da agricultura familiar.

 

Avanço da mineração na Serra do Brigadeiro é temido

 

O frei Gilberto Teixeira, vigário da Paróquia Santo Antônio, em Belisário (Mata), agradeceu o apoio dos parlamentares à causa. Afirmou que isso representa um contraponto importante para pessoas que, como ele, sofrem ameaças. E lembrou que foi incluído num dos programas de proteção da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, após ser ameaçado de morte em 2017 por pessoas ligadas à mineração.

"A partir da ameaça, mais de 70 entidades de Minas e outros Estados se manifestaram a favor da causa", realçou. Segundo ele, o setor minerário tenta primeiro cooptar lideranças e, se não consegue, parte para ameaças. “Não queremos a CBA na região, pois a mineração tem uma safra só e a agricultura é permanente", resumiu.

 

Contraponto

 

Claudiomir Vieira, prefeito de São Sebastião da Vargem Alegre (Mata), apesar de se colocar contra os crimes das mineradoras, opinou que em seu município a mineração não foi ruim, já que foram gerados 550 empregos, com investimento de US$ 12 milhões. Os presentes reagiram e criticaram o gestor, gritando “Mineração aqui não!”.

Os parlamentares presentes, todos do PT, fizeram coro à indignação das comunidades. Beatriz Cerqueira considerou que “a mineração explora a terra, acaba com a água, destrói o modo de viver da população e ainda tira a vida de muitas pessoas”. Para ela, é fundamental as comunidades se organizarem para não se tornarem reféns da pressão das empresas.

A presidente da Comissão, deputada Leninha, aproveitou para denunciar outro projeto minerário, no Norte do Estado, de construção de mineroduto para escoar a produção, em uma região que já enfrenta a falta de água.

O deputado Betão valorizou ações bem-sucedidas contra a mineração, como no distrito de Humaitá, em Juiz de Fora (Mata) e em Carrancas (Sul). “Graças à luta, felizmente, a população conseguiu reverter projetos de mineração nesses locais”, comemorou.

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