Ouvir rádio

Pausar rádio

Offline
R$ 300 - O preço da vida de um advogado
Notícias Gerais
Publicado em 19/01/2018
O número absoluto de assassinatos aumentou 800% em Juiz de Fora, em 26 anos. Entre 1990 (17 homicídios) e 2016 (154 homicídios), a matança na cidade sangra e desafia os gestores públicos na esfera estadual e municipal. A violência urbana em Juiz de Fora vem tomando proporção assustadora e revela a perda de mais de 800 vidas para o crime nos últimos seis anos, sendo que 403 desses assassinatos vitimaram jovens de até 25 anos. Em 2017 a cidade contabilizou 137 assassinatos. A OAB Subseção Juiz de Fora vem denunciando essa trágica situação do crescimento do número de homicídios na última década e vem cobrando providências para diminuir esse quadro insustentável de violência.
Juiz de Fora parece repetir a lógica dos grandes centros urbanos, onde a violência deixa marcas na sociedade. Nesse período, muito pouco foi feito de concreto em termos de políticas públicas preventivas pelo Estado de Minas Gerais para enfrentar e combater de forma eficaz a triste realidade do aumento da violência na cidade-polo da Zona da Mata mineira.
Para o professor, pesquisador, doutor em Ciências Sociais, especialista em Estudos de Criminalidade e Segurança Pública, associado pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Savio Reis Souza, o aumento absurdo de homicídios em Juiz de Fora nos últimos anos tem a ver com o número de armas disponíveis e o crescimento das disputas por pontos de drogas. A questão do enfrentamento da vitimização de jovens e do tráfico de drogas, segundo o pesquisador, não será resolvida pela repressão qualificada, que é importante, mas fundamentalmente as medidas exitosas são as preventivas.
A OAB Subseção Juiz de Fora sempre defendeu a prevenção junto à atividade policial mais comunitária, com a polícia mais presente nas comunidades, além de investigações mais eficientes pela Polícia Civil, mas fundamentalmente passando pela implantação de políticas públicas de prevenção gerenciadas e lideradas pelo município, que deve trabalhar com políticas articuladas para oferecer, principalmente para esses jovens nas regiões onde a criminalidade é crescente, políticas públicas nessas áreas diferentes das oportunidades que o tráfico ofereça.
O assassinato a machadadas de um advogado e ex-policial militar, de 74 anos, cuja morte teria ocorrido por conta de uma dívida de R$ 300, é mais um exemplo da violência na cidade e merece o repúdio da OAB Subseção Juiz de Fora. A prisão de um homem de 20 anos, contra quem já havia um mandado de prisão em aberto, e que, segundo a Polícia Civil, devia o dinheiro à vítima, revela a banalidade com que se mata em Juiz de Fora. Um outro suspeito de envolvimento no crime, um jovem de 21 anos, já havia sido preso, quando a Polícia Civil desvendou o desaparecimento do idoso. Segundo a imprensa, o cadáver do advogado teria sido jogado no Rio Paraibuna por volta do dia 2 de janeiro, data em que o advogado e  sargento reformado teria sumido e teria dito à família que faria uma viagem. As apurações da Polícia Civil apontam que ele teria ido até a casa do suspeito mais velho, no Bairro Parque das Torres, na Região Norte, cobrar uma dívida de R$ 300 referentes a honorários. O suspeito e o comparsa no homicídio teriam arrastado o advogado para dentro da casa e o executado.
Assim, a OAB Subseção Juiz de Fora vem reafirmar sua irrestrita solidariedade à família deste advogado e o seu compromisso em recuperar a Juiz de Fora de paz que sempre foi o objetivo de nossa comunidade e repudia não só mais esse homicídio bárbaro como toda escalada de assassinatos que amedronta a cidade.
 
Texto OAB de Juiz de Fora-MG
Comentários