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Calçadão da JK: uma obra sem padrão que vai destruir a história
24/11/2019 19:01 em Notícias da Zona da Mata

LUCIANA ARCHETE

Jornalista MG19681JP

 

Quem passa pela avenida Juscelino Kubitscheck (JK) no Centro de Muriaé vem notando que uma obra está descaracterizando o patrimônio local e, algumas delas sentindo indignação e revolta com o descaso público com a tradição e os costumes. Tanto é revoltante o que o Poder Público Municipal vem fazendo que duas cidadãs muriaeenses decidiram ir à público defender o patrimônio do povo.

Uma delas a advogada e ex-coordenadora do Procon de Muriaé, advogada Marília Maria da Fonseca e, a outra, a vereadora Miriam Facchini.

A primeira entrou com uma representação no Ministério Público pedindo que a promotoria Curadora do Patrimônio instaure inquérito civil em desfavor do Gestor Municipal e os responsáveis pela obra.

A advogada Marilia Maria da Fonseca solicita que o MP investigue os abusos. “É preciso apurar os gastos desnecessários que estão sendo feitos pelo Poder Executivo Municipal com a obra do Calçadão da Avenida JK, uma vez que outras necessidades deveriam ser priorizadas”.

O gasto que se faz onde mereceria apenas a conservação e restauração acaba deixando de servir a outro setor ou bairro municipal. “Nem mesmo cuidado com as exigências de urbanismo estão sendo garantidas com a obra, a exemplo da acessibilidade. O belo mosaico de contrastes nos seus desenhos geométricos de construção sólida, plantadas uma a uma, precisa de reparos, manutenção e cuidado, afinal, custou caro aos cofres públicos e, simplesmente estão arrancando e substituindo sem nenhuma explicação ou manutenção da história”, destaca em seu pedido.

A advogada solicita que os responsáveis sejam responsabilizados por eventuais prejuízos causados aos cofres públicos, caso fique comprovado que a substituição é desnecessária”, solicitou a advogada Marília Maria da Fonseca.

 

Muda-se as pedras e perde-se a história de Muriaé

 

O Calçadão da JK foi construído por servidores do município e não por uma empreiteira, modernizou o Centro da cidade e foi construído em dois governos.

Projeto da arquiteta e urbanista Márcia Canedo Bizzo que elaborou o piso com pedras portuguesas e de granito bruto. A pedra Portuguesa veio do Rio Grande do Sul para manter por anos o padrão e a beleza, resistindo ao tempo e às intempéries, com material incomparável a outros que são comercialmente comercializados.

As pedras foram lapidadas manualmente pelo muriaeenses “Zezinho” que cortava pedra por pedra.

Segundo a vereadora Miriam Facchini, engenheira e ex-secretária de Obras de Muriaé, o Calçadão da JK começa na Rodoviária e encerra-se no bairro do Porto. Foram dois governos municipais para concluir as obras, começando no de Cristiano Canedo e encerrando no de Carlos Fernando.

Os prefeitos que os sucederam mantiveram o padrão e zelaram pela conservação e arrumando as pedras que se soltavam. “Não tem uma placa indicativa de gastos, quem é o responsável  e quanto tempo irá durar a execução. Uma verdadeira desinformação á população, o que é condenável pelos órgãos fiscalizadores dos recursos públicos”, destacou a vereadora.

Os 1.650 metros de extensão da avenida JK custaria hoje, aproximadamente R$ 650 mil aos cofres públicos com a aquisição das pedras portuguesas. “O que está sendo construído em concreto além de tirar o enfeite da cidade e da importância para os muriaeenses está se jogando fora o dinheiro empregado no passado. Hoje estão gastando algo que nós não sabemos. Não podemos saber se é real e dentro dos valores corretos. Estão desmanchando um feito”, destacou Miriam Facchini.

 

Vereador quer dar nome ao Calçadão JK

 

Um vereador da base do prefeito municipal apresentou no final de outubro projeto de lei para dar nome ao Calçadão, conhecido popularmente como “Calçadão da JK”. Segundo ele, é importante homenagear um dos empresários que ajudou a mudar conceitos na cidade.

O vereador deseja que o calçadão seja conhecido como Calçadão Mauro Tarcísio Galvão.

O empresário, falecido em 2017, residiu na praça do Rosário e era frequentador contumaz do Calçadão da JK, por esta razão “merece a homenagem”.

O projeto foi protocolado no dia 22 de outubro e aguarda decisão da presidência da Casa para entrar na pauta do dia.

Assim como a recém inaugurada 'Unidade Integrada da Cidadania e Ação' que recebeu o nome da genitora do atual prefeito, o calçadão já teria nome escolhido antes mesmo de ser descaracterizado.

 

 

 

 

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